terça-feira, 15 de março de 2011

Março 2011 - YASUNARI KAWABATA

O País das Neves, País de Nieve
de Yasunari Kawabata
(Prêmio Nobel de Literatura, em 1968)

Se na história de Goethe, do mês passado, a natureza humana era transformada pela paisagem, agora também a paisagem exerce sua influência e nos leva a uma terra branca e gelada, em que temos que nos desfazer de nosso pensamento ocidental na tentativa de compreender uma história aparentemente distante de nossa realidade.

Si en la novela de Goethe, del mes pasado, la naturaleza humana era transformada por el paisaje, ahora también el paisaje ejerce su influencia en la tierra blanca y helada del País de Nieve.
Los invitamos a dejar de lado nuestra mente occidental para comprender una historia aparentemente lejana de nuestra realidad.


O país das neves conta a história de amor entre Shimamura e Komako. É um romance cativante, escrito de forma minimalista e com tom poético. São tão bonitas as descrições das paisagens que, como leitores, conseguimos senti-las e contemplá-las. As emoções dos personagens são detalhadas com sutileza - o autor mostra apenas um esboço delas.

País de nieve cuenta la historia de amor entre Shimamura y Komako. Es una novela cautivante, escrita de forma minimalista y en tono poético. Son tan bonitas las descripciones de los paisajes que, como lectores, podemos sentirlos y hasta contemplarlos. Las emociones de los personajes son detalladas con sutileza; el autor apenas nos muestra un esbozo de ellas.


O livro deixa diversas histórias e mistérios abertos. Por exemplo:
Que tipo de relacionamento havia entre Yukio, Komako e Yoko?
Quem era Yoko e o que Shimamura sentia por ela?
Como continuaria a história de amor?


El libro deja varias historias y misterios abiertos. Por ejemplo:
¿Qué relación tenían Yukio, Komako y Yoko?
¿Quién era Yoko y que sentía Shimamura por ella?
¿Cómo continúa la historia de amor?

Gostamos muito do capítulo que conta o proceso do chijimi:
"Dizem que o fio de linho, mais fino que a lã, é difícil de ser trabalhado sem a umidade natural da neve e que a estaçao fria é mais adequada para a tecelagem. Os antigos diziam que o linho tecido durante o fio da uma sensação refrescante no alto verão, pela ação natural da luz e da sombra."

Disfrutamos mucho el capítulo que explica el proceso del chijimi:
“El hilo de seda vegetal era tan fino como una hebra de cabello, sabía Shimamura, y era extremadamente difícil trabajarlo, salvo en las condiciones climáticas de la alta montaña. Los textos más antiguos sugerían que el Chijimi provenía del espíritu de la nieve y que fuera tan adecuado para los kimonos de verano era una muestra de las leyes que regían el equilibro de los opuestos.”


Pensamos que a cultura japonesa está muito bem refletida no "País das Neves".
O final é muito forte. O contraste das imagens da neve exuberante, o fogo e a via láctea é impactante.
Surgiram diferentes interpretações para o último parágrafo do romance.

Adoramos ler Yasunari Kawabata!

Pensamos que la cultura japonesa está muy bien reflejada en el País de Nieve.
El desenlace es fuerte. El contraste de las imágenes de la nieve exuberante, el fuego y la vía láctea son impactantes.
Surgieron diferentes interpretaciones sobre el último párrafo de la novela.
¡Nos encantó leer a Yasunari Kawabata!


Frases:
“Por isso, enquanto Shimamura olhava compenetrado, foi se esquecendo da existência do espelho e começou a pensar que a moça flutuava na paisagem do entardecer.
Foi nesse momento que os raios de sol, já tênues, iluminaram o rosto dela. O reflexo do espelho não era suficiente para apagar a claridade de fora, nem esta, forte o bastante para ofuscar a imagem refletida no espelho. A claridade passava como um relâmpago pelo seu rosto, mas não era suficiente para iluminá-lo. A luz era fria e distante. No momento em que o contorno de sua pequena pupila foi se iluminando, como se os olhos da moça e a luz se sobrepusessem, seus olhos se tornaram um vaga-lume misterioso e belo que pairava entre as ondas da penumbra do cair da tarde.”
“El reflejo lo hacía parecer tan transparente que Shimamura terminó sintiendo que ese rostro flotaba realmente en el paisaje crepuscular del otro lado de la ventanilla. Un destello de luz brilló entonces en el centro del rostro de la muchacha. El reflejo en la ventanilla no era tan nítido como para opacar esa luz exterior, así como la iluminación interior carecía de la intensidad suficiente para desdibujar el reflejo. Era una luz distante y fría. Cuando el pequeño resplandor se fundió en el ojo de la muchacha lo convirtió en una maravillosa partícula de fosforescencia contra el mar de montañas nocturnas.”

“A totalidade de Komako chegava até ele, mas nada dele conseguia chegar até ela. Shimamura ouviu um som semelhante a um eco de Komako batendo numa parede vazia, como se fosse a neve se acumulando no fundo do seu peito. Esse seu ato egoísta não poderia continuar para sempre.”
“Ella se le entregaba en forma completa, mientras el parecía incapaz de entregar nada de sí. Oía en su propio pecho, ensordecido como si la nieve se fuera acumulando encima, la voz de Komako resonando contra las paredes vacías de su corazón.”

“Assim que o trem se moveu, o vidro da sala de espera clareou, e o rosto de Komako pairou brilhante em meio a essa luz, vindo a se apagar num instante. Ele se mostrava igual ao vidro daquele momento no espelho da neve matutina, as maças do rosto bem vermelhas. Para Shimamura essa era a cor que ultrapassava o limite da realidade.”
"Cuando el tren se puso en movimiento la silueta de Komako desapareció y quedó la ventana vacía, pero entre uno y otro momento hubo un destello que a Shimamura le recordó de inmediato el reflejo de la nieve enmarcando la cara de ella aquella mañana en la habitación de la posada, y supo que ese recuerdo sería para siempre el de la frontera entre la realidad y el ensueño."

Yasunari Kawabata
(Premio Nobel de Literatura en 1968)
Nasceu em Osaka em 1899 e ficou órfão aos três anos de idade. É considerado um dos representantes máximos da literatura japonesa do século XX. Sua obsessão pelo mundo feminino, sexualidade humana e o tema da morte renderam-lhe antológicas descrições de encontros sensuais, com toques de fantasia, rememoração, inefabilidade do desejo e tragédia pessoal.
Recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1968. Suas obras mais importantes são: A Dançarina de Izu, A Casa das Belas Adormecidas, O Lago, Kyoto, O Som da Montanha; Beleza e Tristeza, O Mestre do Go, Contos da Palma da Mão, entre outras.
Desgastado por excesso de compromissos, doente e deprimido, Kawabata suicidou-se em 1972.

Nació en Osaka en 1899 y quedó huérfano a los tres años de edad. Es considerado uno de los representantes máximos de la literatura japonesa del siglo XX. Su obsesión por el mundo femenino, sexualidad humana y el tema de la muerte, le rindieron antológicas descripciones de encuentros sensuales, con toques de fantasía, rememoración, inefabilidad de deseo y tragedia personal.
Sus obras más importantes son: La bailarina de Izu, La casa de las bellas adormecidas, El lago, Kyoto, El sonido de la montaña, Historias en la Palma de la mano, entre otras.
Desgastado por exceso de compromisos, enfermo y deprimido, Kawabata se suicida en 1972.


Cultura japonesa – Geishas.


Ao longo dos séculos, as gueixas sobreviveram, sem perder sua identidade, graças à dedicação de maikos e geikos determinadas. As gueixas continuam sendo um parâmetro de talento, elegância, beleza e caráter feminino na sociedade japonesa

Las geishas sobrevivieron por siglos sin perder su identidad, gracias a la capacidad de adaptación y a la dedicación de maikos e geikos determinadas. Ellas continúan siendo un parámetro de talento, elegancia, belleza y carácter femenino en la sociedad japonesa.


A palavra geisha significa literalmente "pessoa da arte, artista", e ela foi originalmente usada para designar comediantes e músicos que se apresentavam em banquetes e festas particulares no século XVII. Assim, as primeiras gueixas não foram mulheres, mas homens. Os otoko-geisha (artistas masculinos) eram especializados em entreter pequenas platéias em festas, dançando, cantando contando histórias e piadas. Como os palcos estavam proibidos às mulheres, as festas privadas tornaram-se os únicos lugares onde as mulheres podiam tocar música, dançar e cantar, e assim surgiram as onna-geisha (artistas femininas).


La palabra geisha significa literalmente “persona de arte, artista”, y fue originalmente usada para designar comediantes y músicos que se presentaban en banquetes y fiestas particulares del siglo XVII. Las primeras gueisas fueron hombres. Los otoko-geisha (artistas masculinos) eran especializados en entretener pequeñas plateas en fiestas, bailando, cantando, contando historias y chistes. Como los palcos estaban prohibidos para las mujeres, las fiestas privadas se tornaron los únicos lugares donde las mujeres podían tocar música, danzar y cantar, así surgieron las onna-geisha (artistas femeninas).


Em 1779 foi criado o kenban, um tipo de cartório específico para registrar gueixas e fiscalizar o cumprimento das regras que a partir de então passaram a reger a profissão. Em 1920, havia 80 mil gueixas registradas ainda nos moldes do kenban no Japão.


En 1779 fue creado el kenban, un registro específico para inscribir las geishas y controlar el cumplimiento de las reglas que rigen la profesión. En 1920, había 80 mil geishas registradas en el kenban de Japón.


O treinamento básico de uma jovem gueixa dura no mínimo 5 anos. As jovens aprendizes são chamadas maiko (mulher da dança). Elas dedicarão seus dias a aulas de dança, canto, música, literatura, e na prática de uma etiqueta que mudará seus modos, gestos, até a linguagem corporal, para alcançar o padrão de elegância que se espera de uma gueixa. À noite, ela irá a festas e banquetes para entreter os convidados e observar atentamente as gueixas experientes. Em média, paga-se de 500 a mil dólares por hora por gueixa. Quando se "contrata uma gueixa", contratam-se no mínimo duas.


Para mais informação sobre a cultura japonesa acessar: http://www.culturajaponesa.com.br/

El entrenamiento básico de una joven geisha dura por lo menos 5 años. Las jóvenes aprendices se llaman maiko (mujer de danza). Como aprendices toman clases de danza, canto, música y literatura. También estudian reglas de etiqueta y elegancia para cambiar sus modales, gestos y todo su lenguaje corporal. De noche van a banquetes y fiestas para entretener a los invitados y observar atentamente las geishas con más experiencia. En promedio se pagan U$S 500, 000 por hora, por geisha. Generalmente se contratan por lo menos dos geishas por evento.



Recomendamos ler os contos de Kawabata.
Durante o encontro nos deleitamos com um deles.

Recomendamos leer los cuentos de Kawabata,
(Historias en la palma de la mano).
El día del encuentro nos deleitamos con uno de ellos.


A mulher a caminho do fogo
(Hi ni yuku kanojo, 1924)
 
  Ao longe, o lago brilhava minúsculo. Sua cor lembrava uma fonte de água podre, em noite de luar, num jardim abandonado.
 Na margem oposta ao lago, o bosque esparso queimava em silêncio. O fogo se alastrava com rapidez. Era um incêndio florestal.
  Na margem, um carro de bombeiros a vapor corria, parecendo um brinquedo, refletindo-se nítido na água do lago.
  Enegrecendo a ladeira, uma incessante multidão vinha subindo.
  Quando dei por mim, o ar ao me redor estava claro, sereno e parecia seco.
  O bairro situado na parte baixa da ladeira era um mar de fogo. Nisso, passando sem dificuldade entre a multidão, ela descia sozinha a ladeira. Era a única a descer.
  Era um mundo estranhamente sem som.
  Vendo-a avançar diretamente para o mar de fogo, senti uma insuportável angústia.
  Nesse momento conversamos, sem palavras, mas com extrema clareza.
  “Por que só tu desces a ladeira? Para morreres no fogo?”
  “Não quero morrer. Mas a oeste está a sua casa. Por isso irei para o leste.”
 
  No meu campo de visão cheio de chamas, sua silhueta era apenas um ponto negro. Sentindo-o como uma dor encravada nos olhos, despertei.
  Lágrimas corriam dos cantos de meus olhos.
  A razão porque ela sentia horror de andar em direção a minha casa, eu já conhecia. Não me importava o que ela estivesse pensando. Eu açoitava minha racionalidade para convencer-me de que, pelo menos aparentemente, seu amor por mim estava extinto. Porém, independentemente do que ela realmente sentia, eu desejava acreditar, apenas para satisfazer o meu amor próprio, que restava em algum canto de seu coração uma gota de amor por mim. Embora eu zombasse de mim de modo impiedoso, desejava alimentar secretamente esse pensamento.
  No entanto, este sonho não seria uma prova de que eu próprio acreditava, em todos os recantos de meu coração, que não lhe restava um mínimo traço de simpatia por mim?
  Meus sonhos são meus sentimentos. O sentimento dela no meu sonho é uma criação minha.  
  É o meu sentimento. E é obvio que não há falsa exibição de sentimento ou vaidades nos sonhos.
  Pensando assim, senti tristeza e solidão.

Yasunari Kawabata

La joven que iba hacia el fuego
(Hi ni yuku kanojo, 1924)

  El agua del lago destellaba a la distancia. Con el color de una fuente de agua estancada, en un viejo jardín a la luz de la luna.
  Los bosques en la lejana orilla se quemaban silenciosamente. Las llamas se expandían mientras yo las observaba: Un bosque incendiado.
  La autobomba corría a lo largo de la orilla como un juguete, reflejada nítidamente en la superficie del agua. Multitudes ennegrecían la colina, ascendiendo sin cesar por sus laderas.
  Me di cuenta que el aire que me circundaba era calmo y claro, pero seco.
  El sector del pueblo en la base de la colina era un mar de fuego. Una muchacha se separó de la multitud y descendió sola. Ella era la única que bajaba por la ladera.
  Curiosamente era un mundo sin sonidos.
  No pude soportar verla encaminarse directamente hacia el mar de fuego.
  Entonces, sin palabras, conversé con su interior.
  —¿Por qué bajas por la colina sola?¿Es para morir quemada?
  —No quiero morir, pero tu casa queda hacia el Oeste y por eso yo me dirijo hacia el Este.
 
  Su imagen —un punto negro con el fondo de las llamas que inundaban mis ojos— laceró mis pupilas. Me desperté.
  Las lágrimas se escurrían por mis sienes.
  Ella había dicho que no quería ir hacia mi casa. Lo comprendí. Todo lo que ella pensara estaba bien. Forzándome a ser racional, en apariencia me había resignado a que sus sentimientos hacia mí se hubieran enfriado; sin embargo con obstinación quería imaginar, sin relación con la muchacha real, que en algún lugar ella guardaba una brizna de sentimiento por mí. Y si bien yo aparentaba desdén, secretamente deseaba que eso cobrara vida.
   ¿Significaba este sueño que en el fondo de mi corazón yo sabía que ella no tenía el menor afecto por mí?
  El sueño es expresión de mis emociones. Y sus emociones en el sueño eran los que yo había creado para ella. Eran mías. En un sueño no hay simulación ni fingimiento.
  Me sentí desolado al pensarlo.
Yasunari Kawabata 



Esse livro foi lido com o pensamento e o coração voltados

a desejar força ao povo japonês, que sofria as consequências do terremoto de 11 de março de 2011.

Este libro fue leído con el pensamiento y el corazón en el pueblo japonés, deseándole fuerzas para sobreponerse a las consecuencias del terremoto del 11 de marzo de 2011.

Um comentário:

  1. Aunque somos conscientes de que con algunas traducciones perdemos el encanto de la prosa original de Kawabata, logramos disfrutarlo.
    Al igual que con el libro de Goethe hemos comenzado a percibir grandes diferencias en las traducciones al español y al portugués.
    Copio algunas frases de mi libro que fue traducido del japonés al inglés y del inglés al español por Juan Forn:
    "A Shimamura se le hizo obvio que había deseado desde el principio a esa mujer y que había actuado con los rodeos que caracterizaban todos sus actos. Esa certeza vino acompañada de una creciente aversión hacia sí mismo, que la hacía a ella cada vez más hermosa, como si el aura límpida que la rodeaba desde el comienzo se hubiera intensificado con la frescura que se respiraba bajo aquellos árboles."

    "Cuando el tren se puso en movimiento la silueta de Komako desapareció y quedó la ventana vacía, pero entre uno y otro momento hubo un destello que a Shimamura le recordó de inmediato el reflejo de la nieve enmarcando la cara de ella aquella mañana en la habitación de la posada, y supo que ese recuerdo sería para siempre el de la frontera entre la realidad y el ensueño."
    Esperamos sus frases o comentarios! =)
    Gabriela

    ResponderExcluir

Escriba su comentario, haga Click en NOME/URL (Nombre), detalle su nombre y gaha Click en PUBLICAR COMENTARIO.
Para deixar um comentário, após escrevê-lo, escolha a identidade NOME/URL, escreva seu nome e clique em PUBLICAR COMENTÁRIO.